Capítulos

O dia em que sobrevivi (1.º capítulo)

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Argumento     Há momentos que dividem a vida num antes e num depois. Bem vistas as coisas, passamos a vida nisso, nesses momentos e nos outros antes e depois. Há, no entanto, alguns cuja capacidade de cisão é superior. E há um que bate todos aos pontos. Pelo menos para mim, que julguei não haver depois. Chamei‐lhe «incidente de percurso», o eufemismo que me ocorreu. Um dito mal asmático levou‐me à porta do Vou‐e‐não‐sei‐se‐volto‐porque‐apenas‐Jesus‐ressuscitou‐ainda‐que‐tal‐afirmação‐não‐seja‐consensual‐e‐para‐cúmulo‐do‐desencontro‐de‐interesses‐estamos‐no‐Advento‐e‐parece‐Sexta‐Feira‐Santa. Era Dezembro, 19, acabava o ano de 2009. Sem motivo aparente, os meus pulmões desistiram e cheguei à urgência em paragem respiratória. Sem dourar a...

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Portugal, a Europa e o Atlântico (1.º capítulo)

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Parte I A União Europeia e a Civilização Ocidental  1.  A Europa no século XX: Um argumento céptico contra as políticas de perfeição*       É para mim uma grande honra e privilégio proferir esta palestra inaugural da Cátedra Parlamento Europeu/ Bronislaw Geremek – Civilização Europeia no Colégio da Europa. O professor Geremek tem sido para mim uma referência desde os velhos tempos de Solidarnosc na Polónia, no início dos anos 1980. Tive o privilégio de ler o seu Laudatio quando foi a Lisboa receber o título de Doutor Honoris Causa agraciado pela Universidade Católica de Portugal em 2003....

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O mistério inglês e a corrente de ouro (1.º capítulo)

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I O MISTÉRIO INGLÊS 
E A CORRENTE DE OURO Por que razão a Inglaterra resistiu a Hitler, inicialmente sozinha, e foi a primeira a denunciar a «cortina de ferro»? Provavelmente, pela mesma razão que lhe permitiu assimilar todas as revoluções modernas sem nunca recorrer à Revolução. «O tema do seu futuro doutoramento não é o mais importante», disse-me Karl Popper quando o conheci no Algarve, em 1987. Isso deixou-me um pouco surpreendido, porque eu tentava encetar uma séria discussão sobre temas de investigação. E fiquei ainda mais com o que se seguiu: «O mais importante é que vá es- tudar...

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Restaurante Canibal (1º Capítulo)

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1º Capítulo de Restaurante Canibal   I Em certos anoiteceres de Novembro, as luzes da ci­dade do Porto patinam à nossa volta, traçando no ar o esboço de uma árvore de Natal. De regresso a casa, Gustavo Malafaia guiava um Beetle, um carocha branco, na nova versão que a Volkswagen fez deste modelo. Eram seis e meia da tarde, e o Beetle planava como uma pomba pela Avenida da Boavista fora, rumo a ocidente. Mas antes de chegar à Foz, virou à direita, para a Rua São João de Brito. Foi então que tocou o telemóvel: ouviu­ ‐se um tilintar etéreo....

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Como se escreve um romance policial (1.º capítulo)

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O ROMANCE POLICIAL   Há uns anos, Carolyn Wells [1], a americana que publicou dos melhores relatos de assassínios e mistérios que temos hoje à nossa disposição, escrevia a uma revista literária lamentando a fraca qualidade das recensões feitas a este género de livros; mas o abuso ainda não foi corrigido. Dizia esta autora que é evidente que a tarefa de recensear romances policiais é entregue a pessoas que não apreciam romances policiais, e observava – não sem razão, a meu ver – que isto é totalmente absurdo: não se entrega um livro de poesia a uma pessoa que odeia...

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