A Balança da Europa

A Balança da Europa

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A crise europeia é uma crise existencial, em que está em causa a própria continuidade da União Europeia e da NATO, os dois pilares da ordem liberal das democracias ocidentais, que garantem a paz na Europa há mais de setenta anos.

 

A construção da ordem europeia começa na II Guerra Mundial, quando o III Reich quis pôr em causa o futuro da Europa como um sistema de Estados independentes. A vitória das Nações Unidas e a competição entre os Estados Unidos e a União Soviética impõem a divisão da Alemanha e da Europa. A criação da República Federal alemã, da NATO e das Comunidades Europeias assegura a sobrevivência das democracias liberais na Europa da Guerra Fria. Na última década do século XX, a revolução russa e o fim do comunismo tornam possível reunificar as duas Alemanhas e as duas Europas e consolidar a ordem democrática.

No fim da Guerra Fria, a reconstituição da balança europeia assenta num "equilíbrio de desequilíbrios" nas relações entre a Alemanha, a França e a Grã-Bretanha, institucionalizadas na NATO e na União Europeia. Mas a estabilidade da ordem europeia está posta em causa pelas crises do Euro e dos refugiados e pelo declínio dos partidos europeístas; a segurança europeia está posta em causa pelo regresso da Rússia, pela guerra na Siria e pela escalada do terrorismo islâmico; e a continuidade da União Europeia e da NATO estão postas em causa pelo Brexit, pelo retraimento estratégico dos Estados Unidos e pela divisão entre as potências europeias.

A história, como ensina James Joyce, é um pesadelo de que os Europeus não conseguem acordar.


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