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Blasfémia (1.º capítulo)
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1. NUM BURACO NEGRO Na prisão, os dias e as noites são parecidos. Dormito de vez em quando, sem nunca ter a impressão de dormir. Os sons da prisão arrancam‑me ao começo do meu sono. Uma porta a bater, é a mudança da guarda. O barulho de um molho de chaves, os passos dos guardas misturados com o chiar das rodas do carrinho da sopa, é a hora da refeição. Um balde metálico que se arrasta pelos ladrilhos do corredor, é a faxina do turno da noite – ou será da manhã? A minha morte é lenta, por agora sem dor,...
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