Memórias de Kravchenko apresentadas por Pavel Elizarov e Zita Seabra em Lisboa

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Memórias de Kravchenko apresentadas em Lisboa

“Escolhi a Liberdade”, as memórias de Victor Kravchenko, ucraniano e dissidente soviético, vão ser apresentadas em Lisboa pelo ativista russo e opositor ao regime de Putin Pavel Elizarov e por Zita Seabra, ex-militante do PCP e ex-deputada. A sessão, que terá moderação de Filipa Osório, Diretora de Conteúdos do Instituto Mais Liberdade, realiza-se no auditório da Abreu Advogados, no próximo dia 9 de maio, pelas 18.30 h  – no “Dia da Vitória Soviética”, aguardado com expetativa pela possibilidade de uma ação preparada por Vladimir Putin para essa data, no âmbito da invasão russa à Ucrânia.

Nesta obra, há muito esquecida do público, ficamos a conhecer um extraordinário testemunho do antigo funcionário soviético, nascido na Ucrânia, que revela a história da sua vida na Rússia, as experiências como membro do Partido Comunista e a rutura com o regime soviético, em 1943, após ser nomeado para ma comissão nos Estados Unidos da América.

O seu relato, que foi originalmente publicado em 1946 e traduzido para mais de vinte idiomas, é uma descrição pormenorizada e dramática da vida russa sob a ditadura do Partido Comunista e da fuga de um homem para a liberdade.

Preso e torturado, viveu na primeira pessoa a colectivização e a Grande Fome (Holodomor) da Ucrânia, tendo visto morrer milhares à fome e ao frio, perseguidos pelo NKVD, a polícia secreta de Estaline. Conheceu os campos de concentração (o Gulag) na Ucrânia, na Rússia e na Sibéria, e empregou, nas fábricas que dirigiu, mão-de-obra escrava vinda das prisões políticas, sabendo também o que foi ser da nomenklatura, com um gabinete no Kremlin.

“Escolhi a Liberdade” foi um grande bestseller na sua época e um escândalo para os intelectuais comunistas, que então dominavam o pensamento nos países ocidentais. Em França, quando o livro foi publicado, Kravchenko foi acusado de difundir relatos falsos sobre a vida na URSS e de ser um agente norte-americano. Kravchenko processou então a famosa revista “Les Belles Lettres” por difamação, dando origem ao chamado “Julgamento do Século”, o qual viria a vencer e cujos detalhes relatou no seu segundo livro, intitulado “Escolhi a Justiça” (1950).

Victor Kravchenko faleceu em 1966 em Nova Iorque, permanecendo a sua morte envolta em mistério. Afinal, apesar de a versão oficial indicar como causa o suicídio, subsiste ainda hoje a dúvida se terá sido envenenado por agentes do KGB.

Este é o terceiro volume da coleção +Liberdade, resultado de uma parceria entre a Alêtheia Editores e o Instituto Mais Liberdade, que chegará às livrarias na quinta-feira, 12 de maio, e que está já em pré-venda online aqui.

 "Há meses a fio que planeava esta fuga, e desejava-a como a única saída possível daquela atmosfera de hipocrisias, ressentimentos e perplexidades em que permanecera durante tantos anos. Devia ser esta a minha expiação dos crimes pelos quais, na qualidade de membro do partido que dominava o meu país, me sentia responsável."

Victor Kravchenko, ucraniano, dissidente soviético


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