Cartas da Península (1808-1812)

Cartas da Península (1808-1812)

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Um retrato de Portugal em tempos de guerra:

William Warre nasceu no Porto em 1784, e era neto de outro William Warre, que chegou a Portugal em 1706. O seu pai, bisavô do autor deste livro, era James Warre, um comerciante de vinho do Porto na mais antiga companhia britânica do ramo, fundada em 1670.

Depois de ter crescido no Porto, William foi estudar para Inglaterra, regressando para trabalhar na empresa da família, a Warre & Co. No entanto, a sua carreira viria a ser breve, muito por causa da sua jovem natureza rebelde. O episódio que precipitou o seu abandono deu-se quando colou o cabelo de um sócio português à secretária, enquanto este dormia a sesta – o que obviamente não agradou nem à família nem aos seus parceiros de negócio. William saiu assim do país, o que não terá sido a seu descontento. Ansioso por seguir a carreira militar, entrou para o Exército Britânico em 1803, aos 19 anos de idade.

Cinco anos depois, em 1808, viria no entanto a regressar a Portugal, com o Corpo Expedicio­ná­rio Britânico, para repelir a primeira das três invasões dos exércitos de Napoleão. Quando se alistou, mal poderia imaginar que depressa estaria envolvido numa luta desesperada para libertar o muito amado país onde nasceu, ao qual tinha fortes ligações familiares. Durante grande parte da guerra, esteve adstrito à secção portuguesa do Exército Anglo-Português, com os seus conhecimentos da língua e dos costumes locais a revelarem-se fundamentais na reorganização das forças portuguesas.

Durante aquele período turbulento, o capitão Warre participou em quase todas as grandes batalhas em Portugal e Espanha, desempenhando um papel determinante nas batalhas da Roliça, do Vimeiro ou da libertação do Porto (e também da Corunha, de Badajoz, de Sala­man­ca). Este livro apresenta as suas cartas para a família, relatando os sucessos e os insucessos dos combates, e os interlúdios de marcha e planeamento, transmitindo-nos uma visão inigualável das campanhas do início do século XIX, e de como era o Portugal profundo da altura.


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