Capítulos

Jesus (1.º capítulo)

Posted by Hugo Neves on

 I. O NASCIMENTO, A INFÂNCIA E A JUVENTUDE O mundo em que Jesus nasceu era um mundo cruel, violento e instável, para além de materialista e cada vez mais rico. O grande facto geopolítico da época era Roma e as respetivas possessões, que estavam a passar pelo processo de transformação de república em império, e ocupavam naquela altura as margens do Mediterrâneo, de onde um dos seus grandes homens – Pompeu – tinha expulsado os piratas que o haviam infestado, recorrendo para isso a métodos implacáveis: a brutalidade, a tortura e as execuções públicas em grande escala. Em consequência destes...

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Blasfémia (1.º capítulo)

Posted by Hugo Neves on

1. NUM BURACO NEGRO Na prisão, os dias e as noites são parecidos. Dormito de vez em quando, sem nunca ter a impressão de dormir. Os sons da prisão arrancam­‑me ao começo do meu sono. Uma porta a bater, é a mudança da guarda. O barulho de um molho de chaves, os passos dos guardas misturados com o chiar das rodas do carrinho da sopa, é a hora da refeição. Um balde metálico que se arrasta pelos ladrilhos do corredor, é a faxina do turno da noite – ou será da manhã? A minha morte é lenta, por agora sem dor,...

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O Homem que era Quinta-Feira (1.º capítulo)

Posted by Hugo Neves on

CAPÍTULO I OS DOIS POETAS DE SAFFRON PARK O arrabalde de Saffron Park, rubro e esfarrapado como uma nuvem ao pôr do Sol, ficava a poente de Londres. Todo de tijolo vermelho, construído sem plano, tinha um perfil fantástico. Fora o grande rasgo de um construtor especulativo, besuntado de arte, que atribuía às suas construções, umas vezes, o estilo «isabelino», outras vezes o do tempo da rainha Ana, parecendo confundir as duas soberanas. Nunca ali se produzira verdadeiramente arte, mas consideravam­‑no, e com alguma justiça, uma colónia artística. As suas pretensões a centro intelectual seriam talvez um pouco vagas, mas...

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Histórias e Morais (Excerto 1.º capítulo)

Posted by Hugo Neves on

I – DEUS E O CÉSAR Europa, quem és tu? As três notas da identidade europeia: a filosofia grega, o direito romano e a religião cristã A Europa não é uma evidência geográfica. Com efeito, os seus limites não estão demarcados por nenhuma circunstância natural, como acontece, pelo contrário, nas nações ou nos continentes cujas fronteiras são acidentes naturais que se impõem por si mesmos. Se as comunidades políticas assentadas num espaço individualizado têm no seu território uma marca identificativa da sua realidade, o mesmo não acontece com a Europa, que partilha com a Ásia a extensa plataforma em que...

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O Credo (1.º capítulo)

Posted by Hugo Neves on

 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO § 1. Origem O «Credo» cristão acompanha a origem, o nascimento e o crescimento da Igreja: toda a Comunidade e especialmente os «doze» apóstolos receberam do próprio Senhor Ressuscitado a missão fundamental: «Ide por todo o mundo, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinai-os a observar tudo quanto vos ordenei. E Eu estarei convosco, todos os dias, até à consumação dos séculos» (Mt 28,19-20). Este mandato, expresso e solene, dado a toda a Igreja e em especial ao seu grupo dirigente (os doze apóstolos),...

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